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Arte da JAM no MAM Arte da JAM no MAM

Inspiração eterna da JAM no MAM!

O baterista Dom Lula Nascimento, inspiração eterna da JAM no MAM, faleceu no último dia 24 de abril, deixando ao público e todos os músicos envolvidos na JAM bem mais do que a lembrança de um instrumentista carismático e talentoso.

Don Lula Nascimento tocando a bateria da JAM no MAM, em 2016. Foto Lígia Rizério.

Talvez poucas pessoas saibam, mas Dom Lula foi um dos motivos pelos quais a JAM no MAM foi criada, lá na década de 1980. Dom Lula e Anunciação eram dois instrumentistas admirados por toda uma geração de músicos baianos, e o baterista Ivan Huol criou um projeto para instiga-los a tocar e trocar com a nova leva de músicos que surgia na cena musical baiana. Eram dados, assim, os primeiros passos para o que hoje é a JAM no MAM!

Lula Nascimento começou a tocar aos 16 anos na orquestra do pai, fazendo bailes ao som do jazz. Mas logo passou a integrar e frequentar um time bem especial de músicos instrumentistas brasileiros. Sua primeira música gravada foi para o clássico “Quem é quem”, o primeiro disco “com letras” de João Donato, que a revista "Rolling Stone" classificou como um dos cem melhores discos brasileiros de todos os tempos. O próprio João Donato se orgulha do resultado:

“Caprichamos nos arranjos. Convidamos os melhores: Laércio de Freitas, Dori Caymmi, Ian Guest e o maestro Gaya. Era uma fartura de músicos no estúdio, craques como Hélio Delmiro, Lula Nascimento, Naná Vasconcelos, Bebeto, Novelli, Mauricio Einhorn. Até Nana Caymmi deu uma canja. Fiquei tão entusiasmado com o resultado que escrevi (mas não mandei) uma carta para o João Gilberto relatando as minhas impressões”.  – Retirado do texto de João Donato para a Folha de São Paulo

Dom Lula se tornou o baterista oficial da gravadora Odeon e tocou naquele que é considerado o primeiro disco de jazz gravado do Brasil: “Victor Assis Brasil ao vivo”. No tempo em que passou em Nova Iorque, fez audições com importantes figuras do jazz estadunidense e, na França, chegou a tocar com Nina Simone. De volta a Salvador, na década de 1980, mexeu com a cabeça dos “meninos” da Escola de Música da UFBA e acabou inspirando um dos projetos mais longevos e assíduos da agenda cultural baiana. Nos anos 1990, chegou, inclusive a ser o baterista titular da JAM no MAM, com uma exuberância que inspira a equipe do projeto até hoje.

Deixará saudades!

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